Espetáculo “Eu não falo sua língua”, do Grupo de Teatro Libração, é interpretado em Libras e expõe desafios e experiências comuns às pessoas surdas.
Apresentação ocorre no Galpão de Teatro da Ajote
Como seria viver no próprio país e ninguém entender o que você diz? A experiência, vivida cotidianamente por centenas de milhares de brasileiros surdos, é a inspiração para “Eu não falo a sua língua”, peça do Grupo de Teatro Libração, que volta ao palco do Galpão de Teatro da Ajote em uma apresentação única no próximo sábado (25/10), às 19 horas, com entrada gratuita.
No palco, a atriz surda joinvilense Dayane Cristina Gomes contracena com personagens que surgem projetados no cenário e representam situações da vida real.
A falta de letramento dos brasileiros ouvintes em Língua Brasileira de Sinais – Libras se traduz, na prática, nas dificuldades encontradas pela população surda em acessar a educação, o trabalho e em conviver socialmente.
O espetáculo teatral busca dar visibilidade a essas questões e promover a reflexão do público sobre acessibilidade das pessoas com deficiência e outras características que integram o amplo espectro da diversidade humana e dos direitos constitucionais.
“A peça percorre os desafios de viver em uma sociedade que não fala a minha língua, mas também como o encontro com tantas diferentes pessoas surdas contribui para construção da nossa identidade como pessoa surda e de nossas potencialidades”, afirma Dayane.
O florescer da identidade surda também é representada na peça pelo ator surdo Darley Goulart, que aparece nas projeções. Linguista, Darley escreve e interpreta poesias em Libras que transmitem os desafios, mas também a força da comunidade surda, reafirmando suas possibilidades e potencialidades.
O espetáculo foi contemplado no Edital de Chamamento Público 01/2024 de ações culturais, da Prefeitura de Joinville, realizado com recursos do Governo Federal repassados ao município pelo Ministério da Cultura por meio da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB).
O Grupo de Teatro Libração é associado ao Instituto IMPAR e esta apresentação tem o apoio da Associação de Moradores e Amigos do Bairro Itinga (Amorabi).
Acessibilidade
O espetáculo também é uma experiência de acessibilidade. A peça é apresentada em Libras, com locução em Português e audiodescrição.
A apresentação também tem intérprete de Libras para a acessibilidade comunicacional das pessoas surdas no teatro e da atriz com o público ouvinte.
Circuito por escolas de Joinville
Além da apresentação no Galpão de Teatro da Ajote, aberta ao público, o projeto contempla apresentações em quatro escolas municipais de Joinville, com o objetivo de promover a arte DEF (feita por pessoas com deficiência) e incentivar reflexões e práticas sobre acessibilidade em todas as esferas da sociedade.
Sobre o Grupo Libração
Formado por atores surdos e ouvintes que se comunicam em Libras, o Grupo de Teatro Libração foi criado em 2011 pelas atrizes Dayane Cristina Gomes e Manoella Carolina Rego, com o objetivo de ser um espaço de produção artística para pessoas surdas de Joinville.
Desde 2018, o grupo integra a estrutura do Instituto IMPAR e do Programa de Formação Cultural Arte para Todos, auxiliando no fomento da arte em Joinville e prestando consultoria em acessibilidade para outros grupos e artistas da cidade.
