O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, iniciou nesta quarta-feira (15/10) uma missão oficial à República da Índia, com o objetivo de ampliar o comércio bilateral, atrair investimentos, gerar empregos e fortalecer a cooperação em áreas estratégicas. A visita prepara a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Índia, prevista para fevereiro de 2026.
A missão ocorrerá em Nova Delhi, entre os dias 15 e 17 de outubro, e marca uma nova fase da Parceria Estratégica Brasil-Índia, estabelecida em 2006. O encontro dá continuidade às metas traçadas durante a visita do primeiro-ministro Narendra Modi ao Brasil, em julho deste ano, e ocorre em meio ao crescimento expressivo do intercâmbio comercial entre os dois países.
“Estou indo à Índia com o espírito de abrir mercados e aumentar o comércio. Nós podemos ter muita complementaridade econômica e investimentos recíprocos”, declarou Alckmin. “Vamos também preparar a visita do presidente Lula à Índia, prevista para fevereiro do ano que vem.”
Entre janeiro e maio de 2025, as exportações brasileiras para a Índia cresceram 14,8%, somando US$ 2,39 bilhões, enquanto as importações aumentaram 31,8% em relação ao mesmo período de 2024. A Índia já ocupa posição estratégica como 11º destino das exportações e 6º maior fornecedor ao Brasil, com meta de elevar o comércio bilateral para US$ 20 bilhões até 2030.
MISSÃO MULTISSETORIAL PÚBLICO-PRIVADA — A comitiva inclui os ministros da Saúde, Alexandre Padilha, e da Defesa, José Múcio Monteiro, além de líderes empresariais de diversos setores. Também participam representantes dos ministérios das Relações Exteriores (MRE), Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Minas e Energia (MME), Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
A delegação conta ainda com integrantes da Agência Espacial Brasileira (AEB), Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Anvisa, Fundação Oswaldo Cruz e Petrobras.
Durante a visita, estão previstas reuniões com ministros indianos como Rajnath Singh (Defesa), Piyush Goyal (Comércio e Indústria), Dr. S. Jaishankar (Assuntos Estrangeiros) e Hardeep Singh Puri (Petróleo e Gás Natural).
DIÁLOGO EMPRESARIAL BRASIL-ÍNDIA — Em 16 de outubro, Alckmin participa do Diálogo Empresarial Brasil-Índia, organizado pelo Itamaraty, com apoio da Apex-Brasil, da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Federação das Câmaras de Comércio e Indústria da Índia (FICCI).
A agenda inclui empresários dos setores de alimentos, agronegócio, construção, tecnologia, química, saúde, energia e moda. “O Brasil está de portas abertas para fazer mais, melhor e mais rápido com a Índia”, afirmou Alckmin.
Durante o evento, CNI e FICCI assinarão um Memorando de Entendimento para criar o Fórum Empresarial de Líderes Brasil-Índia, que promoverá o diálogo permanente entre os setores privados dos dois países e estimulará parcerias em inovação, energia e infraestrutura. A primeira reunião do fórum ocorrerá em 2026, durante a visita presidencial à Índia.
DECISÃO POLÍTICA ESTRATÉGICA — Em 2025, Brasil e Índia celebram 76 anos de relações diplomáticas. Ambos integram fóruns multilaterais como BRICS, G20 e IBAS (Índia, Brasil e África do Sul). A missão de Alckmin reforça os cinco eixos de cooperação definidos pelos líderes dos dois países: defesa e segurança, segurança alimentar, transição energética, transformação digital e parcerias industriais estratégicas.
EXPANSÃO DO ACORDO MERCOSUL-ÍNDIA — Um dos pontos centrais é a ampliação do Acordo de Comércio Preferencial Mercosul-Índia, que atualmente cobre cerca de 450 linhas tarifárias. A Câmara de Comércio Exterior (Camex) já aprovou o mandato para negociar a ampliação dessas preferências, permitindo maior diversificação e redução tarifária.
DESTAQUES DA AGENDA:
Complexo Industrial da Saúde: cooperação com a indústria farmacêutica indiana na produção de genéricos e insumos médicos para fortalecer o SUS.
Biocombustíveis e transição energética: parceria para ampliar o uso de etanol e biocombustíveis sustentáveis.
Defesa e indústria aeronáutica: inauguração do escritório regional da Embraer em Nova Delhi.
Agroindústria e segurança alimentar: ampliação das exportações de proteínas e produtos agroindustriais brasileiros.
Transformação digital: cooperação em infraestrutura digital e data centers inspirada no modelo indiano.
COMÉRCIO E ECONOMIA — Em 2024, o comércio entre Brasil e Índia totalizou US$ 12 bilhões, alta de 4,7% em relação a 2023. As exportações brasileiras atingiram US$ 5,26 bilhões, enquanto as importações chegaram a US$ 6,8 bilhões, consolidando a Índia como o 10º maior parceiro comercial do Brasil.
Os principais produtos exportados foram açúcares e melaço (31%), petróleo bruto (23%) e óleos vegetais (14%). Nas importações, destacaram-se compostos químicos, combustíveis, inseticidas e medicamentos.
A Índia, atualmente a quinta maior economia do mundo, deve ultrapassar o Japão até 2026, tornando-se a quarta. Já o Brasil, quarto maior exportador agrícola global, vê na parceria com a Índia — segundo maior produtor agrícola — uma oportunidade para expandir mercados e promover desenvolvimento sustentável.