
Esteroides Anabolizantes e a Hipocrisia da Estética.
Esteroides Anabolizantes e a Hipocrisia da Estética – Quem dita o que é permitido e o que é condenável?
Sabe aquela sensação de que a gente vive em um mundo onde as regras mudam conforme quem está contando a história? Pois é… No campo das intervenções estéticas, essa sensação ganha contornos bem visíveis.
O Julgamento Seletivo
Basta pensar um pouco: por que quando alguém decide usar um esteroide anabolizante, com acompanhamento médico, doses calculadas e ciência por trás, a maioria das pessoas faz cara feia, solta um sermão ou mesmo condena de forma quase religiosa?
Mas quando falamos em silicone, lipoaspiração ou outros procedimentos cirúrgicos, muitos desses tão invasivos quanto, ou até mais, que as injeções no glúteo para hipertrofia, a conversa muda completamente.
A gente normaliza, aplaude e posta no Instagram com direito a hashtag #autoestima.
O Paradoxo: Quem Define o Que Vale o Risco?
Parece que existe um código invisível que diz o que é aceitável ou não quando falamos em melhorar a aparência. Esse código não foi escrito por cientistas ou profissionais de saúde. Ele vem de modismos, da cultura e do que aprendemos a achar bonito ou perigoso.
Só que, em termos de risco real, nem sempre a balança pende para o lado que todo mundo acha.
Cirurgias estéticas são, sem sombra de dúvida, intervenções agressivas. Cortar, aspirar, costurar, introduzir substâncias como próteses de silicone, que nada mais são do que derivados de petróleo encapsulados.
E tudo isso por um padrão de beleza e um risco que a gente aceita numa boa.
Mas se alguém fala em usar testosterona ou outro anabolizante para crescer o braço ou a perna, o alarme moral dispara.
Evidência e Escolha Consciente
Claro que esteroides anabolizantes têm riscos: aumento de pressão arterial, problemas hormonais, colaterais que vão de acne a tromboses.
Mas quem usa com consciência e acompanhamento sabe disso e assume esses riscos.
É diferente de quem compra na esquina, sem receita, e confia no “olho de quem vende”.
O mesmo vale para lipoaspiração, prótese de mama ou preenchimento labial.
Também têm riscos, também podem dar muito errado.
A diferença é que um tem o aval social e o outro, o carimbo do preconceito.
Reflexão Final: A Fronteira Entre Estética e Preconceito
A pergunta que fica é: quem determina o que é válido ou não?
A ciência está aí pra explicar o que acontece no corpo, os efeitos, os riscos.
Mas a moralidade é outra história, e geralmente não segue nem a lógica, nem a medicina.
Se a gente vai mesmo querer discutir riscos e escolhas, que seja de forma justa.
Sem hipocrisia. Sem medir a coragem ou a vaidade alheia com régua torta.
Afinal, todo mundo quer se sentir bem no próprio corpo. Só muda o caminho que cada um escolhe para chegar lá.
Fonte: Dr. Rodrigo Martínez – Médico esportivo e ortopedista