Goiás confirma primeiro caso de gripe aviária em aves domésticas

Goiás confirma primeiro caso de gripe aviária em aves domésticas

Compartilhe:

WhatsApp
Facebook
Twitter
LinkedIn
gripe aviária Goiás,H5N1 em aves,surto gripe aviária

A Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) confirmou, na última sexta-feira (13 de junho), o primeiro foco de gripe aviária em aves domésticas no município de Santo Antônio da Barra, em Goiás. O alerta foi emitido após a morte de aproximadamente 100 galinhas, que apresentaram sintomas como asas caídas, secreção nasal, dificuldade respiratória, apatia, diarreia e edema facial.

A gripe aviária não oferece risco à saúde humana por meio do consumo de carne de aves ou ovos, mas há perigo em casos de contato direto com aves infectadas.

O infectologista Dr. Klinger Soares Faíco Filho, professor da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), reforça que, embora a transmissão para humanos seja rara, a circulação do vírus em ambientes com alta densidade de aves e contato próximo com pessoas aumenta o risco de mutações.

“Embora a transmissão para humanos ainda seja rara e ocorra, em geral, por contato direto com aves infectadas, a presença do H5N1 em granjas aumenta as chances de mutações, especialmente em locais com alta densidade animal e interação frequente com humanos. Ainda não há transmissão sustentada entre pessoas, mas o vírus da influenza tem um histórico de mutações rápidas e rearranjos genéticos. Por isso, todo surto em ambiente produtivo deve ser tratado com seriedade, responsabilidade técnica e coordenação entre saúde humana, animal e ambiental, dentro da perspectiva de saúde única”, alerta o médico.

O especialista explica que, nos estágios iniciais, o quadro clínico é semelhante a uma síndrome gripal comum, apresentando sintomas como febre, tosse, dor de cabeça, dor de garganta e dores musculares. Contudo, o H5N1 costuma evoluir rapidamente para quadros mais graves, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), além de sintomas como dispneia, hipoxemia, hemoptise, diarreia, infiltrados pulmonares extensos e, em alguns casos, manifestações neurológicas.

“O H5N1 tem alta letalidade nos casos confirmados. A suspeição precoce salva vidas, tanto do paciente quanto da comunidade. Na prática clínica, o vírus pode evoluir rapidamente, exigindo atenção redobrada dos profissionais de saúde”, reforça o infectologista.

A preocupação se intensifica com a possibilidade do vírus sofrer mutações que facilitem a transmissão sustentada entre humanos. Desde 2023, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta sobre variantes com maior afinidade por células humanas, e episódios de transmissão entre mamíferos, como em criadouros de visons e focas, já foram registrados.

Agora, com a presença do vírus em granjas comerciais brasileiras, o alerta se eleva. Autoridades sanitárias reforçam a necessidade de que profissionais de saúde estejam preparados para identificar rapidamente casos suspeitos, colaborar com a rede de vigilância epidemiológica e informar a população de forma segura e baseada em evidências científicas.

“Esse é o tipo de ameaça que se constrói em silêncio. O momento de agir é agora, não quando os casos se multiplicarem. A experiência da Covid-19 não pode ser esquecida”, conclui Dr. Klinger Faíco.

Relacionados
plugins premium WordPress