A cidade de Itajaí (SC) vem fortalecendo sua infraestrutura urbana por meio da cooperação entre o poder público e a iniciativa privada. Essa foi a mensagem central da apresentação realizada nesta segunda-feira (13) pelo diretor-presidente da Invest Itajaí, Níkolas Reis, durante a plenária da Associação Empresarial de Itajaí (ACII). Na ocasião, o executivo detalhou uma carteira de projetos voltados à modernização da cidade e convidou os empresários locais a assumirem um papel mais ativo na condução de iniciativas estruturantes por meio de concessões e parcerias público-privadas (PPPs).
“Estamos transformando uma estrutura que acumulava prejuízos em um mecanismo estratégico de desenvolvimento. O foco é atrair investimentos, estruturar bons projetos e ampliar a presença da iniciativa privada na oferta de infraestrutura e serviços públicos”, afirmou Níkolas Reis.
Criada em 2012, a Invest Itajaí passou a desempenhar, a partir de 2019, o papel oficial de estrutura técnica para concessões da Prefeitura de Itajaí. Agora, com novo posicionamento e equipe técnica especializada, a empresa busca viabilizar projetos que vão desde a reurbanização de espaços públicos até grandes empreendimentos voltados ao turismo e à inovação.
Entre os projetos apresentados estão ativos com potencial para concessão, como o Parque Náutico Odílio Garcia, a reurbanização das orlas, o Mercado Público, o Mercado do Peixe e até um novo terminal de transatlânticos. “A lógica agora é inversa: o mercado nos diz o que pode ser feito. Estamos abertos a propostas para qualquer ativo da cidade, desde praças e escolas até grandes equipamentos turísticos”, reforçou.
Durante a reunião, Níkolas também destacou a estruturação da primeira PPP da educação em Itajaí. Segundo ele, uma empresa nacional já apresentou uma Manifestação de Interesse Privado (MIP), e os estudos estão em andamento. O modelo prevê que a gestão da infraestrutura escolar — como manutenção, merenda, segurança e limpeza — seja feita por uma concessionária, enquanto o município permanece responsável pela parte pedagógica. “O diretor da escola deixa de ser gestor de manutenção e volta a ser educador. É mais eficiente e mais barato, tudo com base em indicadores de desempenho”, explicou.
O diretor também detalhou o funcionamento do modelo de MIP, em que o investidor assume os custos dos estudos técnicos e, se o projeto for aceito pelo município, ele é submetido a licitação. “Se a empresa perder, é ressarcida pela vencedora. Mas ainda assim, é um risco, o que exige confiança e planejamento do investidor desde o início”, complementou.
Distrito de Inovação e internacionalização
Outro destaque foi a retomada do projeto do Distrito de Inovação de Itajaí, planejado há mais de uma década. Com uma área de dois milhões de metros quadrados no bairro Itaipava, o espaço poderá receber empreendimentos tecnológicos, industriais e habitacionais. O projeto já conta com parecer favorável do Tribunal de Contas do Estado, o que permite sua viabilização por meio de chamada pública, sem necessidade de licitação convencional.
A apresentação também incluiu o programa Itajaí Global Connect, desenvolvido em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, a Univali e entidades como a própria ACII. O objetivo é posicionar Itajaí como um hub global de negócios, aproveitando sua base logística, portuária, tecnológica e seu ambiente de inovação.
“Queremos que, ao se falar de comércio internacional no Brasil, Itajaí esteja entre os primeiros nomes. Mas isso exige planejamento, articulação institucional e visão de longo prazo”, pontuou o diretor.
Apoio do setor produtivo
O encontro foi encerrado com um clima de alinhamento entre o setor público e o empresarial. A presidente da ACII, Thaisa Nascimento Corrêa, destacou a importância da aproximação entre os dois setores. “É fundamental termos um canal direto com quem está liderando esses projetos. Isso gera confiança e abre espaço para a colaboração efetiva. Itajaí precisa e merece pensar grande”, afirmou.
Apesar da amplitude dos projetos, Níkolas Reis manteve um discurso realista: “Não estamos vendendo promessas. Muitos desses projetos ainda estão em fase de estruturação e dependem do interesse do mercado. Nosso papel é garantir segurança jurídica, viabilidade técnica e preparar o terreno com responsabilidade”, finalizou.