O Turismo segue invisível – por Margot Rosenbrock Libório, hoteleira e vice-presidente de Captação de Eventos do BC Convention

Facebook
Twitter
LinkedIn

“É contraditório pensar que uma atividade que se tornou tão importante para um número tão grande de pessoas siga mantendo-se imperceptível quando o assunto é relevância econômica e geração de emprego e renda. Vale lembrar que, segundo dados do próprio Governo Federal, o turismo nacional foi o responsável pela criação de 214.086 vagas de empregos formais dentro do setor, em 2023. Estima-se que o setor emprega no Brasil mais de seis milhões de pessoas.

A luta pela manutenção do PERSE – Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos, tornou muito clara essa condição de invisibilidade. O turismo e o setor de eventos foram impactados drasticamente pela pandemia da COVID-19. Inicialmente, meios de hospedagem, bares, restaurantes, casas de shows e espaços de eventos foram totalmente fechados e após muitos meses (e no caso dos eventos, após mais de dois anos) retornaram gradativamente, com a adoção de inúmeros e caros protocolos de segurança.

Turismo e Eventos precisavam do apoio governamental e hoje ainda precisam! Mas essa realidade não é vista… O PERSE veio para apoiar a retomada, é decisivo para o futuro dos investimentos do setor e é o primeiro e único programa federal de incentivo fiscal que o setor de turismo e eventos recebeu em sua história! E vale pontuar, desde a sua criação, o PERSE tinha data estipulada para acabar – fevereiro de 2027, e querem antecipar isso. O PERSE não pode ser extinto, ou drasticamente diminuído, em 2024, sendo que a pandemia terminou efetivamente em maio de 2023.

O que vivemos entre 2020 e 2022 só quem é do setor sabe… O que nos custou de recursos, resiliência e saúde mental nunca foi computado. As dificuldades do setor já haviam começado muito antes, com a greve dos caminhoneiros (maio de 2018). Fomos impactados inúmeras vezes por problemas logísticos e climáticos. Estradas bloqueadas, enchentes, enxurradas, ciclones (sim!), deslizamentos de terra, petróleo nas praias, secas imensas e aí vai… não faltam dificuldades, mas também não nos falta garra e coragem para fazer dar certo.

O PERSE possibilitou a recuperação de empregos. O PERSE cumpre seu papel, que é apoiar a retomada do setor. Um setor feito por pessoas e para pessoas. Então, se ele é tão justo e está dando tão certo, por que o PERSE sofre risco de cortes e extinção?

Porque somos invisíveis como setor! Porque turismo e eventos agrega tantos pequenos serviços e pequenos negócios, que o mapeio da cadeia produtiva é de difícil percepção. Porque é muito mais simples computar os números do agro ou da indústria. Porque trabalhamos quando todos trabalham e também trabalhamos quando todos descansam, e estamos sempre cansados demais para as batalhas políticas.

Quando somos pensados como setor, na realidade simplesmente ‘não somos pensados’.  Quando finalmente fomos pensados e tivemos acesso a um programa, o PERSE, querem nos dizer que ganhamos demais e fazer parecer que não somos dignos deste benefício. Turismo e eventos existem! Movimentamos a economia, queremos ser vistos, respeitados e precisamos de mais empatia.

Nós merecemos o PERSE! #ficaperse #simaoperse”.

Texto

Renata Rutes

Relacionados
NEWSLETTER
Assine nossa newsletter para se manter atualizado.