Apesar de enfrentar deficiências pontuais, Santa Catarina ocupa a segunda colocação no ranking nacional de competitividade logística, atrás apenas de São Paulo. O levantamento é do Centro de Liderança Pública (CLP) e evidencia o desempenho do estado mesmo diante de desafios estruturais — especialmente no sistema rodoviário.
“Embora Santa Catarina tenha restrições em todos os modais, considerando que o modal rodoviário responde por cerca de 70% da nossa matriz de transporte, a precariedade das rodovias federais e estaduais é, atualmente, o maior entrave. Ainda assim, temos a segunda melhor logística do país”, afirma Egídio Martorano, presidente da Câmara para Assuntos de Transporte e Logística da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc).
Segundo Martorano, é urgente avançar na conclusão de obras em curso e investir na restauração e manutenção preventiva de boa parte da malha viária existente. “A conservação do patrimônio rodoviário requer ações de curto, médio e longo prazo.”
Outro desafio relevante está no acesso terrestre aos portos, que ainda apresenta gargalos significativos. “Também é necessário ampliar e diversificar a matriz de transporte, com investimentos consistentes na malha ferroviária. Além disso, precisamos preparar nossos portos para receber embarcações de grande porte, que demandam calado mais profundo. A dragagem na Baía da Babitonga (em Itapoá e São Francisco do Sul), viabilizada por uma Parceria Público-Privada (PPP) do Governo de Santa Catarina, é um bom exemplo disso.”
Entre os demais pontos críticos, Martorano cita a necessidade de ampliar o canal de acesso e a bacia de evolução do rio Itajaí-Açu, que atende os portos de Itajaí e Navegantes, além de melhorias no molhe do porto de Imbituba.
No setor aéreo, ele defende a criação de uma política estadual voltada ao transporte de passageiros e cargas, com foco na aviação regional. “O Plano Aeroviário Estadual, recentemente atualizado pelo governo Jorginho Mello, pode ser um importante referencial técnico para o setor”, observa.
Para o especialista, o maior obstáculo logístico catarinense é a ausência de investimentos sustentáveis e de um planejamento integrado e duradouro. “O Governo do Estado já deu início a esse processo com a contratação do Plano Estadual de Transporte e Logística (PELT), uma iniciativa essencial para consolidar uma visão estratégica de longo prazo.”
Diante desse cenário, a feira Logistique 2025, marcada para agosto no Expocentro BC, em Balneário Camboriú, se consolida como um espaço relevante de articulação e debate. “A Logistique é um fórum essencial para discutir os gargalos da infraestrutura logística catarinense e fomentar investimentos que aumentem a competitividade da indústria e fortaleçam a imagem do estado no cenário nacional e internacional”, destaca o diretor-geral do evento.
Além da feira, o encontro conta com o Logistique Summit, um congresso técnico que promove discussões aprofundadas sobre o futuro da logística em Santa Catarina. “Grandes nomes da economia, logística, comércio exterior e navegação estarão presentes nos painéis e debates do Summit”, informa Karine Marmitt, diretora executiva da Logistique.
Egídio Martorano, da Fiesc, reforça ainda o papel estratégico da feira como ponto de conexão entre profissionais do setor público e privado. “Eventos como este são fundamentais para discutir desafios, compartilhar soluções e acompanhar tendências, inovações tecnológicas e novidades do setor. A Logistique se consolida como referência, reafirmando a vocação de Santa Catarina como um hub logístico vital para o Sul do Brasil e para o país.”