O setor portuário brasileiro, responsável por cerca de 90% do comércio internacional do país, tem avançado significativamente por meio da combinação entre investimentos públicos e privados. Enquanto o poder público assegura a infraestrutura básica — como canais de acesso, cais e áreas de armazenagem —, a iniciativa privada contribui com inovação, eficiência e geração de empregos. Essa parceria estratégica tem criado um sistema portuário mais moderno e competitivo, fortalecendo a economia nacional.
Para o engenheiro civil e especialista em regulação da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Julio Cesar de Souza Dias, os portos seguem no caminho certo, mas ainda estão longe do ideal. “Precisamos balancear a matriz de transporte, aumentando a movimentação de cargas pelos modais hidroviário e ferroviário. Isso permitirá uma logística melhor e mais barata”, afirma.
Segundo ele, por serem estratégicos na cadeia logística nacional e internacional, os portos precisam estar preparados para atender à crescente demanda. “Mas o que vem primeiro: a infraestrutura ou a demanda?”, provoca Julio, que representará a Secretaria Nacional de Portos no congresso Portos & Costas Brasil 2025, a ser realizado nos dias 22 e 23 de setembro, em Itajaí (SC).
Julio abrirá o evento com a palestra “Infraestrutura Portuária”, na manhã do dia 22 de setembro. As inscrições já estão abertas e são limitadas a 280 participantes. Até 15 de julho, é possível garantir vagas com valores promocionais pelo site oficial: www.portosecostas.com.br/inscricoes.
Santa Catarina é um exemplo concreto dessa sinergia entre o Estado e a iniciativa privada. No Complexo Portuário de Itajaí e Navegantes, o Governo Federal anunciou R$ 844 milhões em investimentos para a ampliação do Porto de Itajaí. As ações envolvem a dragagem do canal, retirada de embarcação naufragada, modernização de sistemas e expansão da área primária.
Pelo lado privado, a Portonave está investindo R$ 1,5 bilhão para ampliar o terminal e torná-lo apto a receber embarcações de até 400 metros de comprimento e 17 metros de calado. O projeto, com metade das obras já concluídas, será finalizado até o primeiro semestre de 2026 e inclui novos guindastes, scanners e outras tecnologias operacionais.
Outro destaque é a JBS Terminais, que está investindo R$ 130 milhões na reativação do terminal de contêineres do Porto de Itajaí, com foco na modernização e no aumento da capacidade de movimentação.
No Porto Organizado de São Francisco do Sul, enquanto a União e o Estado cuidam da infraestrutura aquaviária, a iniciativa privada atua na expansão. O Porto Itapoá está destinando R$ 500 milhões à ampliação de pátios e cais, além da aquisição de novos equipamentos. Com isso, será possível atracar até três navios de grande porte simultaneamente.
Já a dragagem do canal da Baía da Babitonga será viabilizada por meio de uma Parceria Público-Privada inédita, com aporte estimado em R$ 300 milhões. A obra permitirá a operação de navios de até 366 metros e 16 mil TEUs, tornando a região pioneira no país nesse tipo de operação.
Outro projeto relevante é o Terminal de Granéis de Santa Catarina (TGSC), que recebeu R$ 520 milhões em investimentos privados e começará a operar no segundo semestre de 2025. A expectativa é movimentar até 6 milhões de toneladas de grãos por ano.
Idealizador do Portos & Costas Brasil 2025 e diretor da consultoria MTCN, o oceanólogo Mauricio Torronteguy reforça a importância do evento para o setor. “A sinergia entre poder público e iniciativa privada é essencial para o desenvolvimento dos portos e do comércio exterior brasileiro. O evento é um fórum estratégico para esse debate”, conclui.