O governador Jorginho Mello anunciou nesta quarta-feira (13) um pacote emergencial de R$ 435 milhões destinado a apoiar os setores da economia catarinense mais impactados pela nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos importados do Brasil.
As medidas do Governo de Santa Catarina têm como objetivo preservar empregos, garantir a competitividade das empresas e assegurar a continuidade das operações das indústrias mais atingidas pela política tarifária norte-americana. Aproximadamente 73 mil postos de trabalho devem ser protegidos.
O pacote será dividido em três frentes de ação:
Liberação do crédito acumulado de exportação em três meses;
Postergação do pagamento do ICMS por 60 dias durante três meses;
Financiamento emergencial por meio do BRDE.
“É hora de manter os pés no chão e agir com firmeza para proteger quem está gerando emprego e renda em Santa Catarina. Vamos apoiar quem mais precisa para continuar produzindo, investindo e movimentando nossa economia”, afirmou o governador Jorginho Mello.
O anúncio ocorreu em Florianópolis, durante coletiva na FIESC, que participou ativamente da elaboração das propostas. O presidente Gilberto Seleme destacou que as medidas representam uma resposta essencial do governo catarinense em favor do setor produtivo em um momento crítico.
As empresas atendidas deverão concentrar esforços na manutenção dos postos de trabalho, contribuindo para a estabilidade econômica de Santa Catarina. “É um apoio relevante para que as empresas atravessem esse momento com segurança, preservando sua atividade e os empregos que geram em todo o Estado”, afirmou Seleme.
Também participaram da formulação das medidas as secretarias do Planejamento (Seplan), Indústria, Comércio e Serviço (SICOS), Agricultura (SAR), Articulação Internacional e Projetos Estratégicos (SAI), além da InvestSC, BRDE e Badesc.
Tarifa impacta 95% das exportações de SC aos EUA
Levantamento da Secretaria de Estado da Fazenda (SEF/SC) aponta que, em 2024, Santa Catarina exportou R$ 9,9 bilhões aos Estados Unidos, sendo que cerca de 95% desse volume (R$ 9,4 bilhões) está exposto à nova tarifa.
Os setores mais atingidos incluem madeiras e derivados, incluindo móveis de madeira (48,5% das exportações para os EUA), blocos de motor e compressores (17%), além de motores elétricos e transformadores (14,5%). O Norte do Estado concentra 44% das exportações impactadas, seguido do Vale do Itajaí (22%).
Classificação de risco
As ações emergenciais atendem empresas catarinenses expostas à tarifa e com risco real de perda de competitividade, categorizadas como “gerenciável”, “relevante”, “alto” e “crítico”. Esses negócios respondem por cerca de R$ 8,5 bilhões em exportações anuais aos EUA e garantem mais de 73 mil empregos diretos.
As três frentes de apoio somam R$ 435 milhões entre medidas financeiras e tributárias.
“Estudamos diversos cenários para que o governador Jorginho Mello definisse as melhores alternativas para Santa Catarina. As medidas seguem critérios técnicos, baseados em dados concretos, para atender quem mais precisa e minimizar o impacto econômico e social no Estado”, explicou o secretário Cleverson Siewert (Fazenda).
O governo continuará monitorando os desdobramentos da política tarifária norte-americana e poderá atualizar ou redefinir medidas conforme a evolução do cenário.
Principais medidas
Liberação do crédito acumulado de exportação
R$ 62 milhões em créditos;
295 empresas beneficiadas (níveis crítico, alto, relevante e gerenciável);
73 mil empregos preservados;
Início: setembro de 2025.
Postergação do pagamento do ICMS
R$ 72 milhões postergados (R$ 36 mi/mês);
295 empresas beneficiadas;
73 mil empregos preservados;
Início: setembro de 2025.
Financiamento emergencial via BRDE
R$ 265 milhões disponíveis;
18 mil empregos preservados;
251 empresas beneficiadas;
Início: imediato;
Empréstimos em dólar: R$ 165 milhões (taxa: variação cambial + 3% a.a. com subsídio de 6 pontos percentuais pelo Estado);
Empréstimos em reais: R$ 100 milhões (taxa fixa de 9% a.a. com subsídio de 10 pontos percentuais);
Carência: 12 meses; amortização: 24 meses; prazo total: 36 meses; custo total para o Estado: R$ 36 milhões.
As linhas de financiamento emergencial cobrirão até quatro meses de custos fixos das empresas, considerando o histórico de exportações para os EUA nos últimos 12 meses. Empresas de médio e menor porte terão prioridade, dada a maior vulnerabilidade frente à tarifa.