Uma visita escolar, uma centelha, uma virada de maré.
Assim começou a jornada de Nathália de Oliveira Souza, que hoje navega por águas mais profundas com o Chá de Sal, um projeto que, de tão criativo e necessário, já está deixando marcas “doces” no setor marítimo brasileiro.
A ideia nasceu de um momento quase poético: ainda no ensino médio, aluna da rede pública, Nathália conheceu o mundo marítimo durante uma visita técnica ao Centro dos Capitães da Marinha Mercante (CCMM).
Aquilo que parecia apenas mais um passeio escolar transformou-se num divisor de águas.
Foi ali, entre mapas náuticos, vocabulários desconhecidos e histórias de marujos, que sua vocação emergiu como uma âncora lançada no fundo da alma. Desde então, o mar deixou de ser paisagem para tornar-se propósito.
Hoje, como doutoranda na prestigiada Escola de Guerra Naval, Nathália continua navegando, mas não sozinha.
Ela vem puxando consigo jovens, estudantes e futuros profissionais do Direito Marítimo, abrindo caminhos entre a teoria e a prática, entre os muros da universidade e os portos do Brasil.
Seu Chá de Sal não é apenas um nome simpático. É uma imersão, um convite simbólico (e literal) para “sentir o gosto do sal”.
Mas o que é, afinal, esse tal de Chá de Sal?
É um projeto ousado, cheio de afeto, com sabor de oportunidade e consistência de missão. Por meio dele, estudantes de Direito Marítimo e áreas correlatas participam de visitas técnicas a navios, portos, centros logísticos, academias operacionais e, o mais importante, interagem com quem realmente move o setor: comandantes, operadores portuários, engenheiros navais, chefes de máquinas e advogados veteranos. É prática, é conversa, é chão de cais. É o Direito com os pés molhados.
Mais que uma ideia inovadora, o projeto é uma devolutiva social. Nathália, que percorreu toda a sua formação, do ensino básico ao doutorado, na rede pública, sabe o valor de um empurrão certo na hora certa.
E foi exatamente esse empurrão, em forma de mar, que ela recebeu anos atrás e que agora oferece a tantos outros. Chá de Sal é, também, uma travessia de afeto, de democratização do conhecimento e de inclusão profissional.
A primeira edição do projeto aconteceu em fevereiro de 2025, de forma quase intimista, mas com impacto potente.
O cenário? O mesmo CCMM que um dia inspirou Nathália. Ali, estudantes de quatro universidades, advogados e profissionais da Marinha Mercante compartilharam experiências e horizontes.
A próxima parada?
A Transpetro, onde os participantes poderão conhecer de perto centros estratégicos como o CNCL (Centro Nacional de Controle e Logística) e o CNAN (Centro Nacional de Acompanhamento de Navios), além dos simuladores da Academia Transpetro.
Em cada porto, uma nova maré. Em cada edição, uma nova conexão. Empresas, associações técnicas, autoridades marítimas e nomes veteranos do setor têm abraçado o projeto com entusiasmo, todos cientes de que investir em mentes jovens e corações inquietos é garantir um setor marítimo mais inovador, integrado e humano.
Num país com vocação marítima, mas ainda carente de mentalidade marítima, o Chá de Sal surge como uma onda provocadora, simpática e transformadora.
Nathália, com sua delicadeza firme e visão generosa, não apenas criou um projeto.
Ela fundou um movimento.
E para quem ainda não entendeu a profundidade da proposta, ela deixa um chamado simples, saboroso e irresistível:
“Vem com a gente sentir o gosto do sal.”