O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta terça-feira, 8 de julho, em Brasília, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, para uma reunião que marca uma nova fase na parceria estratégica entre os dois países. O encontro resultou na assinatura de seis acordos bilaterais e reforçou o compromisso conjunto com temas prioritários como segurança, energia limpa, transformação digital, ciência e tecnologia.
Durante a cerimônia oficial, Lula destacou a importância da relação entre Brasil e Índia, ressaltando a afinidade entre as nações e seu papel fundamental na construção de uma governança global mais inclusiva.
“Como membros do G20 e do BRICS, atuamos em defesa do multilateralismo. Somos aliados naturais na resposta à fome, à pobreza e às mudanças climáticas”, afirmou o presidente.
Lula reforçou ainda que a diversidade cultural, social e natural de ambos os países oferece bases sólidas para uma cooperação ampla, que deve ser explorada não apenas no campo econômico, mas também em ações sociais e ambientais.
“Dois países superlativos como a Índia e o Brasil não podem permanecer distantes”, disse Lula.
Expansão do Acordo com o Mercosul
O presidente brasileiro defendeu o avanço no Acordo MERCOSUL–Índia, ressaltando que apenas 14% das exportações brasileiras ao país asiático estão cobertas pelo pacto atual. O objetivo é reduzir barreiras comerciais e fortalecer o intercâmbio entre as economias. Lula também destacou o desejo mútuo de facilitar turismo, negócios e intercâmbio cultural.
Ao lado de Lula, Narendra Modi agradeceu pela recepção e destacou a admiração do povo indiano pelo Brasil:
“Este é um momento de orgulho para mim e para 1,4 bilhão de indianos. Cada encontro com o presidente Lula me inspira a trabalhar pela prosperidade dos nossos povos”, declarou.
Acordos Estratégicos e Cooperação Internacional
A reunião bilateral foi guiada por cinco eixos prioritários:
Defesa e segurança
Segurança alimentar e nutricional
Transição energética e mudanças climáticas
Transformação digital e tecnologias emergentes
Parcerias industriais em setores estratégicos
Entre os principais atos assinados estão:
Acordo de cooperação no combate ao terrorismo e ao crime organizado transnacional
Memorando de entendimento na área de energia renovável
Memorando para compartilhamento de soluções digitais em larga escala, com foco em transformação digital
Acordos em propriedade intelectual, inovação digital e agricultura
Transição Energética e Transformação Digital
Os dois países reforçaram a parceria na Aliança Global para Biocombustíveis e se comprometeram com uma transição energética justa. A Índia é hoje o mercado de bioenergia que mais cresce no mundo, e o Brasil vê potencial conjunto em liderar esse novo modelo de desenvolvimento.
Lula também propôs a criação de um centro de excelência em transformação digital, com base na experiência indiana em infraestrutura digital pública. Além disso, destacou a ampliação da cooperação em saúde, com foco no desenvolvimento de vacinas, e em pesquisa espacial, mencionando o sucesso do satélite Amazônia 1 lançado com apoio indiano.
Aliança contra a Fome e Condecoração
O presidente brasileiro agradeceu a Modi pelo apoio à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e lembrou que 90% do rebanho zebuíno do Brasil é fruto de 60 anos de cooperação com a Índia.
Durante o evento, Modi foi condecorado com o Colar da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a mais alta honraria do Brasil concedida a personalidades estrangeiras:
“Nossa amizade deve ser tão vibrante quanto o Carnaval brasileiro, com o mesmo entusiasmo que temos pelo futebol e a mesma conexão de corações que encontramos no samba”, afirmou Modi.
Crescimento nas Relações Comerciais
Desde 2006, Brasil e Índia mantêm uma parceria estratégica, com posições alinhadas em temas multilaterais. Em 2025, o comércio bilateral já movimentou US$ 12 bilhões, um crescimento de 24% em relação ao ano anterior.
As exportações brasileiras somaram US$ 5,26 bilhões, com destaque para açúcar, petróleo bruto, óleos vegetais e aeronaves. Já as importações da Índia chegaram a US$ 6,8 bilhões, fazendo do país asiático o sexto maior fornecedor de produtos para o Brasil.
Investimentos indianos no Brasil estão concentrados em transmissão de energia, defensivos agrícolas e veículos pesados, enquanto empresas brasileiras investem na fabricação de motores elétricos, componentes veiculares e tecnologia bancária no mercado indiano.