Realismo fantástico brasileiro ganha destaque em Baku com exposição de Luiz de Souza no Centro Heydar Aliyev

Realismo fantástico brasileiro ganha destaque em Baku com exposição de Luiz de Souza no Centro Heydar Aliyev

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A exposição “Reflexões da Eternidade”, do artista plástico catarinense Luiz de Souza, está em cartaz até abril de 2026 no imponente Centro Heydar Aliyev, em Baku, capital do Azerbaijão. A mostra celebra os 30 anos de carreira do artista natural de Lauro Müller (SC) e reúne 39 obras inspiradas no realismo fantástico, sendo três esculturas e 36 pinturas em óleo sobre tela. O evento ocupa o Salão Principal do centro cultural — o maior do Cáucaso —, que já recebeu coleções de nomes como Andy Warhol, Salvador Dalí e, no próximo ano, Botero.

A trajetória até a exposição começou de maneira inusitada. Em 2024, Luiz recebeu um convite inesperado via Instagram para expor no centro cultural. Cético no início, só acreditou na proposta quando a equipe do Centro Heydar Aliyev entrou em contato direto com a galeria Um Lugar ao Sol, que o representa em Curitiba. Com um prazo curto — apenas quatro meses — o artista precisou criar novas obras em tempo recorde, o que acabou inspirando o tema central da mostra: o tempo.

Sem acervo disponível, Luiz contou com o empréstimo de colecionadores e produziu dez obras inéditas para compor a seleção final. Ele destaca o apoio de Anar Alakbarov, diretor do Centro e assistente do presidente do Azerbaijão, como essencial para a realização da exposição. “O empenho e a dedicação dele foram fundamentais para que ‘Reflexões da Eternidade’ acontecesse”, afirma o artista.

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A mostra propõe uma imersão filosófica sobre o tempo, a permanência e o desejo humano de eternidade. “O ego do ser humano é sempre sobre isso — sobre a sua obra permanecer. Você morre, mas a sua obra fica”, reflete Luiz. Em criações como Contagem Regressiva — que retrata uma figura em uma motocicleta movendo-se contra os ponteiros do relógio — e nas representações do extinto pássaro Dodô, o artista questiona a arrogância humana diante da natureza e do tempo.

A montagem da exposição também foi marcada por desafios. As obras ficaram 40 dias retidas no aeroporto de Campinas devido à greve da Receita Federal, obrigando Luiz a viajar antes das peças. Mesmo assim, tudo foi montado a tempo da abertura, que coincidiu com o aniversário do artista e reuniu cerca de mil convidados, com apresentações musicais e performances inspiradas na commedia dell’arte.

Luiz de Souza: o artista por trás do realismo fantástico

Autodidata desde a infância, Luiz de Souza desenha desde os três anos. Natural de Lauro Müller (SC), passou a infância fascinado pelos circos itinerantes que acampavam no terreno de seu pai — uma influência visível em suas obras coloridas e alegóricas.

Antes de se dedicar integralmente à pintura, estudou contabilidade e publicidade, fez teatro amador e trabalhou como ilustrador em agências e editoras. Sua carreira profissional como pintor começou em Curitiba, quando suas primeiras telas foram vendidas em uma galeria local.

Atualmente, com obras espalhadas pelo Brasil e pela Europa, Luiz se consagra como um dos grandes nomes do realismo fantástico brasileiro, criando cenas simbólicas e críticas que misturam o real e o imaginário. “O eterno pode ser um carinho da tua mãe ou uma construção que dura séculos”, diz o artista, cuja arte convida o público a refletir sobre tempo, memória e legado.

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