Uma pesquisa nacional conduzida pelo IBESPE entre 1 e 3 de agosto de 2025, com 1.003 entrevistas em todas as regiões do Brasil, mostra que a população está profundamente dividida sobre a punição financeira aplicada pelo governo dos Estados Unidos ao ministro do STF, Alexandre de Moraes, com base na Lei Magnitsky.
Segundo os dados:
42,6% dos entrevistados concordam com a punição
43,5% discordam
13,9% não souberam responder
“O Brasil vive uma crise simbólica. Moraes, hoje, é mais do que um magistrado — é um espelho que reflete os medos, os excessos e as esperanças de diferentes parcelas da sociedade”, afirma o cientista político Marcelo Di Giuseppe, coordenador da pesquisa.
O que os dados revelam?
A pesquisa evidencia que a percepção sobre a punição ultrapassa o debate jurídico, funcionando como marcador de posicionamento ideológico e consumo de informação:
Entre quem se informa pela TV, 49,8% apoiam a punição
Nos que usam redes sociais ou rádio, o apoio é de 43,4% e 40,7%, respectivamente
O grupo que não busca informação política é o mais indiferente: 21,3% não souberam responder
“Hoje, a disputa política se dá menos sobre os fatos e mais sobre a interpretação dos fatos. A hegemonia da grande mídia reduziu. Cada eleitor assiste a uma versão diferente do país”, explica Di Giuseppe.
Geografia da polarização
O Sudeste concentra o maior índice de apoio à punição (47,7%), enquanto Norte e Centro-Oeste apresentam menor adesão (32,4% e 32,7%). “É um fenômeno geopolítico dentro do próprio território nacional. A fragmentação das convicções acompanha o mapa da disputa ideológica no país”, reforça Marcelo Di Giuseppe.
Voto e visão política: a clivagem central
Entre eleitores de Jair Bolsonaro no 2º turno de 2022, 64,1% apoiam a punição dos EUA a Moraes. Já entre eleitores de Lula, 59,3% são contrários. A pesquisa aponta que o ministro é percebido menos como instituição e mais como personagem político.
“A crise do Supremo não é jurídica, é simbólica. Moraes se tornou, para parte do Brasil, o bastião da democracia. Para outra parte, o rosto da censura e do autoritarismo. E os EUA apenas catalisaram essa disputa”, conclui Di Giuseppe.
Mais detalhes e análise do estudo podem ser conferidos neste vídeo.