A sede da Associação dos Municípios da Região da Foz do Rio Itajaí (AMFRI), em Itajaí, foi palco de uma reunião estratégica do Grupo de Trabalho da Tainha (GT Tainha), articulada pelo Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), com apoio institucional e logístico da AMFRI. O encontro reuniu prefeitos, deputados, representantes do governo federal e lideranças pesqueiras para discutir os impactos das cotas na pesca da tainha e propor ajustes na normativa vigente.
“Hoje nós abrimos as portas da AMFRI para um tema vital para nossa região. A pesca não pode ser tratada com frieza burocrática. São famílias, histórias e a identidade de nossos municípios em jogo”, afirmou Tiago Baltt, presidente da AMFRI e prefeito de Balneário Piçarras.
Também participaram os prefeitos de Penha (Luizinho) e Navegantes (Liba), a deputada estadual Paulinha, os vice-prefeitos de Bombinhas (José Antônio Olímpia) e Porto Belo (Ailto Neckel), entre outras autoridades. Todos destacaram a urgência de rever critérios de cota com base científica, mas sensível à realidade de quem vive da pesca artesanal e industrial.
“A cota é injusta e não reflete a realidade dos pescadores artesanais de Santa Catarina”, disse Luizinho.
“Não é só sobre pesca. É sobre turismo, economia e cultura local”, completou Liba.
A deputada Paulinha reforçou a importância da valorização do setor pesqueiro:
“Santa Catarina não é mais um polo pesqueiro de ignorantes. Temos ciência, universidades como a UNIVALI, o SINDIPI… mas falta reconhecimento político.”
A coordenadora do GT Tainha 2025, Adaise Bostolani, afirmou que o objetivo principal do encontro foi a escuta ativa:
“Queremos entender o que funcionou na safra de 2024 e o que precisa ser ajustado. A Portaria 617 precisa ser revista.”
O secretário estadual da Aquicultura e Pesca, Tiago Bolan Frigo, ressaltou que o Governo de Santa Catarina judicializou a cota do arrasto de praia:
“Foi uma medida precipitada. Respeitamos o Governo Federal, mas temos um entendimento técnico diferente. Queremos evitar novas decisões de afogadilho.”
O superintendente federal da Pesca em Santa Catarina, Jean Ricardo da Silva, reforçou a necessidade de equilíbrio entre ciência, gestão e experiência dos pescadores:
“Nosso trabalho é ser ponte entre o Governo Federal e as comunidades pesqueiras. Só com diálogo e respeito mútuo construiremos soluções.”
Representantes das associações pesqueiras criticaram os dados estatísticos usados para definir cotas.
“O maior desafio hoje é a estatística pesqueira. Precisamos de dados que gerem confiança”, afirmou José Henrique, da Associação do Arrasto de Praia de SC.
Os depoimentos dos pescadores foram os mais emocionantes.
“A gente sai pra pescar pra alimentar a família, não pra virar estatística errada”, desabafou Kenko, de Bombinhas.
“Não queremos esmola. Queremos respeito”, reforçou José Henrique, da Praia de Fora.
Ao final, ficou definido que o diálogo será ampliado e propostas concretas — como maior transparência nos dados e participação das universidades — serão levadas a Brasília.
A AMFRI foi reconhecida como peça-chave para a articulação e estrutura do evento.
“A nossa missão é conectar governos, escutar o povo e lutar por soluções reais”, concluiu Tiago Baltt.
O encontro foi mais que técnico — foi um passo firme rumo a políticas públicas mais justas e conectadas à realidade das comunidades pesqueiras de Santa Catarina.