O influxo de turistas argentinos em Santa Catarina durante a temporada de verão tem gerado um impacto positivo no setor de alimentação fora de casa, conforme apontou pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel SC). O levantamento revelou que 39,2% dos entrevistados registraram movimento maior do que na temporada passada, com um aumento superior a 15%. Para 36,3%, o movimento se manteve semelhante ao ano anterior, enquanto 24,5% enfrentaram queda na demanda.
Em relação à origem dos turistas, 45% dos empresários notaram uma alta no fluxo de argentinos, o que tem sido um fator chave para aquecer a economia local. Outros estados brasileiros também contribuíram para o movimento, com destaque para os catarinenses (32,2%), gaúchos (24%), paulistas (23,4%) e paranaenses (18,1%). Além disso, turistas de países como Europa (7,6%), Paraguai, Chile e Uruguai também foram mencionados. A pesquisa indicou que quase 92% dos estabelecimentos receberam turistas entre o Natal e o Ano Novo.
A presidente da Abrasel SC, Juliana Mota, comentou sobre a influência da desvalorização do Real no turismo:
“A desvalorização do Real tem um efeito paradoxal. Por um lado, reduz o poder de compra dos brasileiros e aumenta o custo dos produtos, mas por outro, torna o Brasil um destino turístico mais atrativo, especialmente para os argentinos, que têm uma moeda mais valorizada.”
Apesar dos bons resultados até o final de 2024, há uma cautela em relação à continuação da temporada. Para 42% dos entrevistados, o movimento será igual ao do verão passado, enquanto 37,4% acreditam em melhor desempenho, e 20,5% projetam uma queda. Entre os maiores desafios para o setor, quase 60% apontam dificuldades na contratação de mão de obra, com 43% dos estabelecimentos não conseguindo completar suas equipes no final do ano.
Os principais problemas relacionados à falta de candidatos qualificados para as vagas foram identificados por 45,3% dos empresários, com outros desafios sendo a falta de interesse nas posições (34,7%) e a qualificação insuficiente dos candidatos (17,3%). Além disso, o custo de insumos (33,3%), trânsito (19,9%) e problemas de infraestrutura (13,5%) também foram mencionados. Juliana Mota lembra que o setor ainda está se recuperando das dificuldades impostas pela pandemia, o que exige cautela, especialmente com as dívidas acumuladas e os desafios financeiros ainda presentes.