O Global Startup Ecosystem Report 2025, produzido pela Startup Genome, referência mundial em consultoria de políticas públicas para o fomento de ecossistemas de startups, reconheceu Florianópolis (SC) como um dos principais exemplos globais em cidades de médio porte. O relatório, principal referência internacional sobre o tema, ressalta a capital catarinense como um caso exemplar de como limitações geográficas podem ser convertidas em vantagens estratégicas. A cidade figura também no Top 20 dos ecossistemas latino-americanos, ocupando a 13ª colocação.
Segundo o GSER 2025, Florianópolis é a capital brasileira com a maior participação do setor tecnológico no PIB, com 25% da economia local vinculada ao segmento. Desde 2018, o setor cresceu 23,4%, posicionando a cidade em 7º lugar no ranking nacional absoluto, mesmo com uma população inferior a outros polos. A densidade de startups por habitante é dez vezes superior à da cidade de São Paulo (SP). Atualmente, são mais de seis mil empresas de tecnologia que geram mais de 38 mil empregos diretos.
O desenvolvimento do ecossistema de inovação em Florianópolis remonta aos anos 1960, com a criação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que estabeleceu uma base científica e tecnológica aproveitada pelas gerações seguintes de empreendedores e formuladores de políticas. Em 1986, a cidade foi palco da fundação da primeira incubadora tecnológica do país, o CELTA, que serviu de modelo ao combinar formação técnica, governança colaborativa e incentivo à pesquisa aplicada.
Para o prefeito de Florianópolis, Topázio Neto, a estratégia começou ainda na década de 1980. “Naquele período, os líderes locais compreenderam que, dadas as limitações ambientais e geográficas da ilha, o caminho para o desenvolvimento sustentável passava pela inteligência e inovação”, declarou. “Essa perspectiva foi fundamental para atrair e reter talentos jovens e criativos, criando um ambiente propício para o crescimento de startups e empresas tecnológicas.”
A redução do ISS de 5% para 2% em 2003 também foi determinante para atrair negócios do setor tecnológico de outras regiões. Posteriormente, o município aprovou uma das primeiras leis municipais de inovação do país, instituindo o Conselho Municipal de Inovação, que reúne mais de 20 entidades para alinhar políticas públicas e estratégias. Projetos como o Sapiens Parque, ParqTec Alfa e centros estaduais de inovação reforçam a infraestrutura física e institucional do ecossistema. A combinação de natureza preservada, infraestrutura urbana e segurança também é apontada pelo GSER 2025 como diferencial importante.
Florianópolis se destaca ainda na captação de investimentos, acumulando US$ 298 milhões em capital de risco entre 2020 e 2024. Startups locais como RD Station, Softplan, Payface, Franq e Parcela Mais conquistaram relevância nacional e internacional. Em 2024, a cidade foi oficialmente reconhecida pela legislação federal como a Capital Nacional das Startups.
“Florianópolis demonstra como as restrições geográficas podem ser convertidas em motores de inovação: impossibilitada de crescer industrialmente, a cidade investiu no conhecimento, na colaboração e na formação de talentos como caminhos para o desenvolvimento sustentável”, enfatiza Alexandre Souza, gerente de inovação do Sebrae SC. “O progresso do ecossistema resulta de décadas de trabalho integrado entre governo, academia, iniciativa privada e sociedade civil, consolidando um ambiente que apoia o surgimento de negócios inovadores desde a ideação até a expansão.”
“Florianópolis é um caso reconhecido pela sua capacidade inovadora, dinamismo e ambiente propício à economia criativa, consolidando-se como um dos principais hubs de investimento em venture capital da América Latina. Isso reflete um ecossistema tecnológico que se expande em todo o estado de Santa Catarina de forma colaborativa e com visão global”, comenta Diego Ramos, presidente da ACATE (Associação Catarinense de Tecnologia). “Acreditamos no potencial para posicionar Florianópolis e o estado como protagonistas globais em inovação, gerando valor e atraindo investimentos, profissionais e empresas.”
O GSER 2025, principal referência global em ecossistemas de startups, é produzido pela consultoria internacional Startup Genome, que recentemente firmou acordo com o Sebrae Startups para aplicar no Brasil sua metodologia comparativa utilizada em mais de 65 países. A parceria visa transferir essa metodologia para o Sebrae, ampliando o uso de dados internacionais na formulação de políticas públicas e estratégias de fomento para startups brasileiras. O modelo será incorporado à estrutura do Sebrae Startups e poderá ser aplicado nacionalmente.
Na fase inicial, a metodologia será testada em três ecossistemas brasileiros: Florianópolis (SC), São Paulo (SP) e Recife (PE) — todas reconhecidas no GSER 2025. A avaliação será feita em conjunto com a equipe da Startup Genome para garantir a transferência tecnológica. Posteriormente, o Sebrae poderá replicar o modelo e adaptá-lo às realidades locais em todo o país.