A cidade de Florianópolis foi tomada pela música instrumental brasileira entre os dias 8 e 14 de setembro de 2025 com a realização do 2º Festival Choro Mulheril – Encontro das Mulheres no Choro. O evento gratuito reuniu instrumentistas de diferentes estados, como São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, em uma semana repleta de oficinas, palestras, rodas de conversa, exibição de filmes e apresentações musicais.
As oficinas no Museu da Escola Catarinense reuniram 100 participantes e foram conduzidas por professoras que valorizaram compositoras clássicas como Chiquinha Gonzaga e Tia Amélia, além de nomes contemporâneos como Luísa Mitre e Laila Aurore. Entre as ministrantes estavam integrantes do coletivo Choro Mulheril — Angela Coltri, Natália Livramento e Thayan Martins — além de convidadas como Aline Gonçalves, Samara Líbano e Roberta Valente.
A programação contou ainda com a exibição do documentário A Música Natureza de Léa Freire, seguida de debate com a própria multi-instrumentista paulista e o diretor Lucas Weglinski. Reconhecida internacionalmente, Léa Freire foi presença marcante no festival, participando de debates, oficinas e rodas de choro.
No Teatro Álvaro de Carvalho, os shows deram protagonismo a grupos como Trio Mulheril, que se apresentou ao lado da pianista cubano-brasileira Claudia Rivera, o coletivo carioca Chora Mulheres na Roda e o grupo paranaense Brejeiras, que trouxe ao palco obras de Dona Ivone Lara. Também se destacaram artistas como Daniela Spielmann e Sheila Zagury, que apresentaram releituras sofisticadas de Jacob do Bandolim.
Além da música, o festival promoveu debates importantes, como o painel “Gênero e Racialidade no Choro”, com pesquisadoras como Carolina Alves, Lia Vainer Schucman e Mayara Araújo, e palestras acadêmicas sobre o protagonismo feminino e o reconhecimento do choro como patrimônio cultural imaterial.
O encerramento ficou por conta da tradicional Grande Roda de Choro Mulheril, que reuniu professoras, alunas e convidadas em uma celebração coletiva que emocionou o público.
Produzido integralmente por mulheres, o festival consolidou-se como um dos principais eventos do gênero no país, reafirmando o papel de Santa Catarina como polo cultural e destacando a força feminina na preservação e renovação do choro.