O painel “Marinas e Cruzeiros” encerrou a programação da 3ª edição do Portos & Costas Brasil, realizado nos dias 22 e 23 de setembro, no Riviera Convention Center, na Praia Brava, em Itajaí. O evento, considerado um dos mais importantes congressos técnicos sobre infraestrutura portuária e costeira do país, reuniu especialistas de renome nacional para discutir os rumos do turismo náutico.
O setor mostra números expressivos: a temporada de cruzeiros 2024/25 movimentou R$ 5,2 bilhões — o maior valor da série histórica, representando um crescimento de 126% em relação a 2013. Porém, a retirada de dois navios que operaram na última temporada deve reduzir em 20% o número de cruzeiristas em 2025/26, reflexo de deficiências de infraestrutura e custos acima da média global.
As marinas também se destacam pelo impacto econômico. Dados da Associação Brasileira dos Construtores de Barcos e seus Implementos (Acobar) revelam que uma instalação com capacidade para 300 embarcações pode gerar até R$ 141 milhões anuais para a economia local, além de cerca de 780 empregos diretos, indiretos e induzidos.
Painel de especialistas
O debate foi moderado por Carlos Gayoso de Oliveira, diretor da Marina Itajaí, e contou com Juliana Menegucci (MTCN – Soluções Sustentáveis em Dragagens, Portos e Costas), Paulo Fabiano Ferreira Filho (BR Marinas), Marco Ferraz (presidente da Clia América do Sul) e Juliano Richter Pires (secretário de Turismo, Desenvolvimento Econômico e Inovação de Florianópolis).
Para Maurício Torronteguy, sócio-diretor da MTCN e diretor do congresso, a relevância do tema é crescente:
“Esse setor ganha cada vez mais importância na economia dos municípios costeiros, seja pela exploração do turismo de cruzeiros, seja pelo crescimento da indústria voltada à náutica de lazer.”
Na mesma linha, Carlos Gayoso ressaltou o impacto econômico e social:
“Quando falamos em marinas e cruzeiros, não estamos apenas tratando de estruturas físicas, mas de uma engrenagem da economia azul. As marinas conectam lazer, turismo, serviços e inovação, enquanto os cruzeiros consolidam o Brasil no mapa internacional do turismo marítimo.”
Desafios e perspectivas
Segundo Juliana Menegucci, a implantação de um píer definitivo em Paranaguá é fundamental:
“Mesmo com estruturas provisórias, conseguimos atrair milhares de turistas e movimentar a economia local. Mas para consolidar o litoral paranaense no cenário internacional, é indispensável termos um terminal definitivo, que garanta segurança, conforto e benefícios econômicos permanentes para a região.”
Já Marco Ferraz, presidente da CLIA Brasil, reforçou o potencial de expansão:
“O cruzeiro já se consolidou como uma das formas mais seguras e responsáveis de viajar. Com novas embarcações, tecnologia de ponta e crescente demanda dos jovens viajantes, temos a chance de ampliar a presença do Brasil no mapa global dos cruzeiros.”
Ferraz acrescentou que a entidade buscará reverter, nas próximas temporadas, a retirada dos dois navios que deixaram de operar em 2025/26.